Percorrer grandes distâncias a pé, de bicicleta, ou em qualquer outro tipo de transporte em busca de água potável tem sido a rotina de muitos moradores desta cidade, no Norte do Estado. O Município, com pouco mais de vinte e três mil habitantes, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enfrenta intensa falta d'água que se arrasta há quase três meses. A crise no fornecimento tem atingido em cheio a sede do município, onde o colapso se faz presente nos bairros mais populosos.
Ao longo do dia, a população do bairro Cidade de Deus divide as torneiras de dois reservatórios com moradores de outras localidades. A água tratada é aguardada com ansiedade por quem não tem nada em casa para beber. Divididos em duas filas, homens, mulheres e crianças vão enchendo todo tipo de vasilhame, na esperança de garantir mais um dia de consumo.
Eritânia Silva trouxe dois baldes, e vai levá¬los de volta, sozinha, por quase um quilômetro, até sua casa. "Esse é o chafariz mais próximo onde eu encontro água para beber. No outro, a água é salobra, serve apenas para lavar roupa e outros afazeres, mas, para beber, só aqui mesmo ou comprando. Às vezes eu chego a comprar, mas nem sempre o dinheiro dá", comentou. Noêmia Bastos é outra dona de casa que tem desembolsado dinheiro, regularmente, para ter água nas torneiras. Os mil litros suficientes para abastecer a caixa d'água, por cerda de quinze dias, chegam a custar R$ 35. "A água da caixa dura esse tempo por conta do esforço que a gente tem que fazer para ela durar; mas sempre venho aqui no poço, até porque é de graça, apesar do abastecimento ser pouco", disse.
Além da Cidade de Deus, todos os bairros de Forquilha sofrem com a escassez de d'água. Entre eles: Jubina, Edmundo Rodrigues, Alto Alegre, Cidade dos Anjos e o próprio Centro da Cidade, que têm sido socorridos por carros¬pipa. Diariamente, dois carros se revezam na distribuição de 16 mil litros de água própria para consumo humano.
Os dois únicos reservatórios de água potável têm capacidade para reter cerca de 45 mil litros cada, sendo abastecidos de duas a três vezes por dia. O que não têm sido suficiente para a demanda, pois, segundo Inácio Agostinho, outro morador que enfrenta a longa fila do abastecimento duas vezes por semana, "o carro¬pipa não dá conta de atender tanta gente, sem falar na confusão que se faz, quando alguém traz muitas vasilhas para encher", contou.
Se falta água nas torneiras, o mesmo não acontece em relação à cobrança pelo consumo residencial, outra grande reclamação de muitos os moradores de Forquilha. A dona de casa Geísa de Sousa, por exemplo, pagava, em média, R$ 30 por mês nas contas de água e se assustou com a variação entre R$114, em abril, e R$ 62, em maio. E o pior: sem ter uma gota de água na torneira. "Além de passar parte do dia em uma fila para pegar água, muitas famílias têm de arcar com essas contas abusivas, de um serviço que a gente não usufrui", denunciou.
Cagece
De acordo com Vitor Félix, gestor de núcleo da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) em Forquilha, a situação se agravou por causa do fechamento das comportas do Açude Araras, em abril deste ano. O manancial, com área de 3.520 km², pereniza e controla as cheias do Acaraú, principal rio da região, que banha 18 municípios.
Com o fechamento, a cidade teria perdido em torno de 60% da vazão de água bruta. Daí o colapso no abastecimento. Para minimizar os impactos, o gestor esclarece que a Cagece cavou novos poços profundos, dois deles programados para iniciar atendimento na próxima semana; refez o canal de adução da água do Acaraú até a estação de tratamento em Forquilha, que cobre uma distância de 24 quilômetros; tem dado apoio ao atendimento com carro¬pipa; realizou regulação do sistema de distribuição para um atendimento mais igualitário; e está em fase de teste para a mudança da rede de atendimento do Acaraú para o Açude Forquilha, o que aumentaria a vazão de 160m³ a 180m³, necessário para a normalizar o atendimento.
Quanto à cobrança de consumo, Félix afirmou que as pessoas que se sentirem prejudicadas devem entrar em contato com a empresa, por telefone, ou se dirigir ao escritório local. Cada caso será analisado individualmente.
De acordo com o secretário de Agricultura Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Município, Janilson Sousa, "todas as secretarias têm dado suporte a essa pasta para a realização de ações emergenciais, como a instalação de novos dessalinizadores em três pontos da cidade em um raio de aproximadamente 700 metros de um para outro; perfuração de 14 poços profundos; construção de cisternas; além da parceria com órgãos como Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e Cagece, para minimizar a situação. "O foco de concentração tem sido na sede que, a meu ver, está bem mais crítica que a zona rural", frisou.
Visita
No dia 1º de junho, o município recebeu visita do governador Camilo Santana, que percorreu alguns pontos críticos da cidade para se conhecer a real situação de falta d'água em que os moradores se encontram. O governador foi acompanhado do prefeito Gerlásio Loiola, que fez um levantamento da situação.
Mais informações:
Para pedir a reavaliação das contas cobradas, o morador deve ligar para (88) 3619 1279 ou 0800 2750195, ou se dirigir ao escritório local, na Rua Gerônimo Costa Filho, 119, Centro.
Ao longo do dia, a população do bairro Cidade de Deus divide as torneiras de dois reservatórios com moradores de outras localidades. A água tratada é aguardada com ansiedade por quem não tem nada em casa para beber. Divididos em duas filas, homens, mulheres e crianças vão enchendo todo tipo de vasilhame, na esperança de garantir mais um dia de consumo.
Eritânia Silva trouxe dois baldes, e vai levá¬los de volta, sozinha, por quase um quilômetro, até sua casa. "Esse é o chafariz mais próximo onde eu encontro água para beber. No outro, a água é salobra, serve apenas para lavar roupa e outros afazeres, mas, para beber, só aqui mesmo ou comprando. Às vezes eu chego a comprar, mas nem sempre o dinheiro dá", comentou. Noêmia Bastos é outra dona de casa que tem desembolsado dinheiro, regularmente, para ter água nas torneiras. Os mil litros suficientes para abastecer a caixa d'água, por cerda de quinze dias, chegam a custar R$ 35. "A água da caixa dura esse tempo por conta do esforço que a gente tem que fazer para ela durar; mas sempre venho aqui no poço, até porque é de graça, apesar do abastecimento ser pouco", disse.
Além da Cidade de Deus, todos os bairros de Forquilha sofrem com a escassez de d'água. Entre eles: Jubina, Edmundo Rodrigues, Alto Alegre, Cidade dos Anjos e o próprio Centro da Cidade, que têm sido socorridos por carros¬pipa. Diariamente, dois carros se revezam na distribuição de 16 mil litros de água própria para consumo humano.
Os dois únicos reservatórios de água potável têm capacidade para reter cerca de 45 mil litros cada, sendo abastecidos de duas a três vezes por dia. O que não têm sido suficiente para a demanda, pois, segundo Inácio Agostinho, outro morador que enfrenta a longa fila do abastecimento duas vezes por semana, "o carro¬pipa não dá conta de atender tanta gente, sem falar na confusão que se faz, quando alguém traz muitas vasilhas para encher", contou.
Se falta água nas torneiras, o mesmo não acontece em relação à cobrança pelo consumo residencial, outra grande reclamação de muitos os moradores de Forquilha. A dona de casa Geísa de Sousa, por exemplo, pagava, em média, R$ 30 por mês nas contas de água e se assustou com a variação entre R$114, em abril, e R$ 62, em maio. E o pior: sem ter uma gota de água na torneira. "Além de passar parte do dia em uma fila para pegar água, muitas famílias têm de arcar com essas contas abusivas, de um serviço que a gente não usufrui", denunciou.
Cagece
De acordo com Vitor Félix, gestor de núcleo da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) em Forquilha, a situação se agravou por causa do fechamento das comportas do Açude Araras, em abril deste ano. O manancial, com área de 3.520 km², pereniza e controla as cheias do Acaraú, principal rio da região, que banha 18 municípios.
Com o fechamento, a cidade teria perdido em torno de 60% da vazão de água bruta. Daí o colapso no abastecimento. Para minimizar os impactos, o gestor esclarece que a Cagece cavou novos poços profundos, dois deles programados para iniciar atendimento na próxima semana; refez o canal de adução da água do Acaraú até a estação de tratamento em Forquilha, que cobre uma distância de 24 quilômetros; tem dado apoio ao atendimento com carro¬pipa; realizou regulação do sistema de distribuição para um atendimento mais igualitário; e está em fase de teste para a mudança da rede de atendimento do Acaraú para o Açude Forquilha, o que aumentaria a vazão de 160m³ a 180m³, necessário para a normalizar o atendimento.
Quanto à cobrança de consumo, Félix afirmou que as pessoas que se sentirem prejudicadas devem entrar em contato com a empresa, por telefone, ou se dirigir ao escritório local. Cada caso será analisado individualmente.
De acordo com o secretário de Agricultura Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Município, Janilson Sousa, "todas as secretarias têm dado suporte a essa pasta para a realização de ações emergenciais, como a instalação de novos dessalinizadores em três pontos da cidade em um raio de aproximadamente 700 metros de um para outro; perfuração de 14 poços profundos; construção de cisternas; além da parceria com órgãos como Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e Cagece, para minimizar a situação. "O foco de concentração tem sido na sede que, a meu ver, está bem mais crítica que a zona rural", frisou.
Visita
No dia 1º de junho, o município recebeu visita do governador Camilo Santana, que percorreu alguns pontos críticos da cidade para se conhecer a real situação de falta d'água em que os moradores se encontram. O governador foi acompanhado do prefeito Gerlásio Loiola, que fez um levantamento da situação.
Mais informações:
Para pedir a reavaliação das contas cobradas, o morador deve ligar para (88) 3619 1279 ou 0800 2750195, ou se dirigir ao escritório local, na Rua Gerônimo Costa Filho, 119, Centro.